Responsabilidade Ambiental

A nossa pegada carbono não fica automaticamente desculpada por ser de arte que aqui tratamos. E, desde 2009, decidimos sobrecarregar os custos da produção do projeto artístico com uma taxa carbono que compense o planeta pelos gases estufa que a mesma implica. Os gases estufa são substâncias gasosas que absorvem parte da radiação infravermelha, emitida principalmente pela superfície terrestre, e dificultam a sua emissão para o espaço, mantendo a Terra aquecida. O efeito estufa é um fenómeno natural. Esse fenómeno acontece desde a formação da Terra e é necessário para a manutenção da vida no planeta. No entanto o aumento dos gases estufa na atmosfera tem ultrapassado esse fenómeno natural, causando um aumento anormal da temperatura e consequentemente uma mudança climática que, segundo especialistas, pode ser potencialmente catastrófica.

Ao introduzir uma taxa carbono no seu orçamento anual de despesas, o Visões Úteis espera contribuir, de uma forma positiva e ativa, não só para a consciencialização do problema das emissões e gases estufa, mas também, de uma forma direta, para apoiar entidades que se dedicam à preservação do meio ambiente e sustentabilidade energética.

Este é um custo pelo qual insistimos em nos responsabilizar e que se aplica não só a qualquer tipo de deslocação suscetível de produzir gases estufa, nomeadamente automóvel e avião, mas também ao consumo corrente de energia nas nossas instalações. Deste modo procedemos ao cálculo anual da emissão de gases associada ao desenvolvimento da nossa atividade e consideramos essa pegada ecológica como um custo que a produção obrigatoriamente assume, comprometendo-nos a contribuir, em igual medida, para projetos cuja atividade permita reduzir as emissões mundiais de carbono. O objetivo é um equilíbrio entre as nossas emissões e as nossos contribuições, para que, através desta aquisição informal de créditos de carbono, a atividade do Visões Úteis seja o mais ecológica possível. E para contabilização desta nossa Taxa Carbono utilizamos padrões internacionais de referência, em particular a calculadora da Iniciativa Verde.

Em 2019, último ano contabilizado, a atividade do Visões Úteis originou a emissão de 7,5 toneladas de Gases de Efeito de Estufa (2000 quilos referentes ao consumo de combustível, 3000 quilos referentes a viagens aéreas e 1500 quilos referentes ao consumo de energia elétrica). A compensação destas emissões exigiu – como valor de referência - a plantação de 48 árvores.

A plantação destas árvores é feita na Serra de Valongo, junto à cidade do Porto, onde estamos sediados, e em colaboração com o Movimento Terra Solta. A Terra Solta é uma associação de iniciativas de economia solidária e que promovam a sustentabilidade ambiental, social e económica e que já foi nossa parceira em diversos projetos. Está sediada na Quinta Pedagógica de Campanhã, situada nos terrenos do Centro Juvenil de Campanhã (junto à estação).

E na prática o que é que acontece? Então, ao longo do ano, a Terra Solta semeia as árvores em pequenos vasos, para mais tarde nos indicar o local e dia para plantar o número de árvores necessário para absorver (por ano) uma quantidade de carbono idêntica à libertada por nós no ano anterior. E no dia marcado a equipa artística do Visões Úteis arregaça as mangas e desloca-se à serra de Valongo para plantar as árvores; o convite para esta ação de compensação é alargado a todos os que integraram projetos no ano anterior.

Para além da Taxa Carbono, o Visões Úteis promove boas práticas ambientais não só em termos quotidianos mas também relativamente à reciclagem de cenografias e equipamentos, sendo uma entidade credenciada, junto da Câmara Municipal do Porto, para deposição de materiais em ecocentros.

Finalmente, e para que o nosso quotidiano não deixe de ter um sentido estratégico e global, o Visões Úteis é membro da Zero, uma associação para um sistema terrestre sustentável.

Mas no fim da segunda década do século XX – após o Acordo de Paris e no contexto dos objetivos da ONU – este nosso offsetting (plantar árvores para compensar o carbono que efetivamente emitimos) já não nos parece suficiente. Afinal, sabemos lá se as árvores vão mesmo crescer ou se alguém entretanto as corta; e também as podíamos ter plantado mesmo sem ter emitido carbono, ou não?

Assim, e na sequência das preocupações expressas em 2020 no encontro de Galway, promovido pelo IETM – International Network for Contemporary Performing Arts, decidimos levar mais longe o assumir da responsabilidade no sentido da redução a zero das emissões de carbono, considerando que fazer arte não pode ser uma desculpa para não assumir este compromisso global; antes pelo contrário, fazer arte deve colocar-nos como exemplo a seguir. Portanto:

2020: Na sua sede, o VU passará a consumir apenas energias renováveis, aumentando assim o custo da sua fatura de eletricidade. Passará também a privilegiar-se uma cadeia local de fornecedores.

2021 a 2024: As deslocações em território nacional passarão a ser feitas em veículos elétricos e as deslocações em avião serão reduzidas ao mínimo essencial

2022 a 2028: A aquisição de produtos novos para os processos de criação/produção será reduzida para próximo do zero.

O objetivo é uma pegada carbónica zero em 2030!