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Acrescenta um Ponto - Laboratório Criativo Maria Zimbro

O projeto Acrescenta um Ponto, criação do Laboratório Criativo Maria Zimbro teve resultados muito positivos em Campanhã, a convite e mediação do Visões Úteis.

O projeto Acrescenta um Ponto, criação do Laboratório Criativo Maria Zimbro teve resultados muito positivos em Campanhã, a convite e mediação do Visões Úteis.

O projeto consistiu no trabalho de proximidade com os moradores de S.Pedro de Campanhã, ao longo do qual foram desenhados diversos encontros: uma sessão de cinema, uma oficina de ilustração e uma roda de histórias, e que culminou num percurso criativo no dia 25 de novembro. O projeto teve como objetivo unir as histórias ouvidas e "os pontos perdidos no tempo e no espaço e que precisam de voltar às estórias que os perderam". 

Segundo a reportagem “Isto ainda é Porto? Tudo falta em Azevedo de Campanhã menos buracos e barracos”, de Mariana Correia Pinto, publicada no jornal Público, os habitantes de Azevedo sentem-se esquecidos, perguntam-se onde está localizado o seu território no mapa da cidade e contam as dificuldades que sentem. A população deste território, situado no extremo oriental da cidade do Porto, não acredita numa mudança e vivem em condições habitacionais difíceis: “Quase metade da habitação de Campanhã precisa de obras – e 13% de obras profundas”, lê-se no trabalho da jornalista.

Apesar disso, os moradores alegraram-se ao reviver as suas memórias no decorrer do Acrescenta um Ponto, como é o caso de Evelina, mais conhecida por Lininha, que sempre gostou de dançar, e muito dançou no final de tarde de 25 de novembro. A Lininha, hoje com 90 anos, vizinha e amiga da Bininha desde a infância, é “conhecida em Azevedo pelo passo acelerado e incapacidade de resignação”, conta Mariana Correia Pinto na sua reportagem. E a vistosa árvore que "habita" o Largo de S. Pedro, foi a Bininha, hoje com 85 anos, quem a plantou. Desde então têm ambas testemunhado o passar do tempo e marcado o espaço de encontro. Envolvida por um acolhedor banco de madeira, ficou o lugar conhecido como "Roda dos Cavalinhos", porque as pessoas passaram a sentarem-se à sua volta para conversarem.

Entre os pontos e linhas, criaram-se lugares para as histórias serem contadas, histórias essas dos lugares conhecidos, de um tempo de estórias que circulavam de boca em boca. Agora é o momento de acrescentar-se fôlego aos contos, e encontrar os pontos de ligação entre si.

O Visões Úteis tem vindo a desenvolver, como parceiro do programa Cultura em Expansão da Câmara Municipal do Porto, e no âmbito da  programação que assume para o polo de Campanha, uma linha de continuidade no sentido do resgate e incentivo para a narração oral, através de projetos de proximidade e assegurando a presença de práticas artísticas e de mediação no território. Em 2021 iniciou com o projeto Roda de Histórias no Pavilhão do Calvário, em 2022 deu continuidade com o TRIC nas Ilhas da Presa Velha, Roupeta e Poço, e este ano, com o Coletivo Maria Zimbro, demorou-se pela zona de Azevedo, revisitando antigos amigos do Largo de S. Pedro, da Ilha do Roupeta, das Associações Iniciadores e Branco e Negro Vitória e Campanhã, entre tantas outros lugares e pessoas que agora puderam ver as suas histórias fixadas em vídeos e ilustrações. 

Estes projetos têm como finalidade incentivar as comunidades locais a partilhar as suas histórias primeiro junto de contadores profissionais e, no final deste ciclo de três anos, incentivar a que sejam elas próprias protagonistas e contadoras das suas histórias. Para relembrar e reviver, voltar a dançar e a construir  relações mais fortes entre a vizinhança.

Fotografia de Renato Cruz Santos