"Hoje em dia é tudo muito rápido. Apegamo-nos muito depressa uns aos outros."
Na segunda metade de 2015, e depois de nos debruçarmos sobre as características da identidade nacional com "trans/missão", voltámo-nos para a identidade europeia e os conflitos que o debate sobre o acolhimento de "outros" veio revelar.
Em "Yuck Factor" propusemos um menú com comida e repugnância, em doses (provavelmente) superiores às diárias recomendadas! Seguimos o trabalho de uma peculiar equipa, que prepara e leva a cabo um evento adequado a convidados de todos os tipos e nacionalidades. Uma oportunidade para esclarecer e transmitir as regras e procedimentos determinantes para uma reunião bem sucedida. Mas também para refletir sobre a Europa de hoje, a frágil construção da nossa identidade comum e os perigos da crescente intolerância.
Espetáculo para maiores de 16 / Duração aproximada: 1h30
PORTO: Teatro Carlos Alberto
Data: de 25 a 29 de novembro
Horário: 21h (4ª a sáb) / 16h (dom)
OVAR: Centro de Arte
Data: 12 de dezembro
Horário: 22h
texto e direção Ana Vitorino, Carlos Costa cenografia e figurinos Inês de Carvalho banda sonora original e sonoplastia João Martins com voz de Rita Camões desenho de luz José Carlos Gomes cocriação Ainhoa Hevia Uria, Cristóvão Carvalheiro coordenação de produção Marina Freitas interpretação Ainhoa Hevia Uria, Ana Vitorino, Carlos Costa, Cristóvão Carvalheiro coprodução Visões Úteis, Centro de Arte de Ovar acolhimento Teatro Nacional São João apoio ICEL
Design: João Martins Foto: Paulo Pimenta
Sinopse
Em "trans/missão" um músico e um dramaturgo abrem ao público o seu processo de trabalho numa ópera que se pretende revolucionária: uma criação que questiona precisamente as dificuldades de organização e mobilização dos coletivos - seja uma equipa artística, uma comunidade ou todo um povo... de que o português é um especial bom exemplo.
Mas, ao longo desta apresentação pública, torna-se evidente a própria dificuldade de colaboração entre os dois artistas, que entram numa rota de colisão que ameaça destruir todo o projeto!
"trans/missão" é um espetáculo híbrido, que junta música e teatro, e onde o processo colaborativo artístico é utilizado como espelho das marcas de uma identidade nacional, que parece estar fadada à não-inscrição e à dificuldade de mobilização. Partindo do diagnóstico traçado por obras como "Portugal Hoje, o Medo de Existir" de José Gil, a peça explora com humor a tensão entre o pensar e o agir, e a nossa aparente incapacidade de passar dos diagnósticos à mudança concreta.
"trans/missão" é uma coprodução Visões Úteis / Teatro Municipal do Porto e contou ainda, no seu processo de criação, com uma série de parcerias e colaborações muito especiais, nas áreas da Música (NEFUP, Sonoscopia, Porta-Jazz, Ensemble Super Moderne) Fotografia (Paulo Pimenta e Fotógrafos convidados pelo Mira Forum) e Sociologia (Departamento de Sociologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto).
Próximas Apresentações / 2019:
19 de abril: Centro Paroquial de Selho S. Jorge (Guimarães)
26 de abril: Casa da Cultura de Paredes
junho (versão inglesa): Festival Le Manifeste, Grande-Synthe (França)
"Temos de nos abrigar. O que vem aí é muito mau. É muito pior do que isto."
Sinopse
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"Biodegradáveis" - uma coprodução com o Teatro Nacional São João, com a colaboração dos laboratórios Grupo 3B’s (Universidade do Minho) e IPATIMUP (Universidade do Porto)
Uma reflexão sobre os efeitos da passagem do tempo sobre os corpos, o modo como lidamos com a nossa finitude, enquanto homens e enquanto espécie, e a influência dos avanços tecnológicos e científicos na forma como nos vemos e nos definimos (e redefinimos) enquanto humanos.
"Biodegradáveis" parte de uma reflexão em torno dos limites da Biologia humana e do contacto próximo com investigadores científicos, para chegar, com uma saudável dose de humor à mistura, a uma celebração da contínua renovação da vida.
"A transformação em palco, seja de veteranos, seja de jovens, famosos ou desconhecidos, não cessa de deslumbrar. A actuação é pessoal, ao ponto de confundir o espectador sobre os limites convencionais da ficção e realidade, como não pode deixar de ser sempre que a actuação é boa." Jorge Louraço Figueira in Jornal Público
"Estamos a escutar mas não estamos a ouvir. Estamos a trabalhar. Só nos interessa ajudá-lo."
Sinopse
Uma secção de análise de informação. Três analistas. Um grupo de sujeitos para testar e um nunca acabar de factos, dados e sinais para monitorizar, anotar, editar ou eliminar. Na mesa, um caso em aberto: uma estranha história que resiste à interpretação racional, onde um sujeito (ou serão vários?) parece constantemente passar de culpado a inocente, de herói a traidor.
Em "Ficheiros Secretos" falamos de espionagem moderna - aquela em que a ação humana no terreno foi sendo substituida pela vigilância de sinais eletrónicos. Olhamos para esta gigantesca rede de sinais e para aquilo que de verdadeiramente humano se esconde por detrás dela - a nossa contínua necessidade de guardar e descobrir segredos, o nosso fascínio por tudo o que não entendemos mas sentimos estar relacionado de algum modo enigmático, e o medo que nos pode fazer abrir mão das mais básicas noções de liberdade e intimidade.
"Isto são factos. E não há factos que possam mudar o mundo, apenas as interpretações desses factos. O Visões Úteis sabe disso e é isso que nos mostra nesta peça: a dificuldade da interpretação. Perante os factos, como interpretá‑los de uma forma que faça sentido, que permita agir? É sobre esta dificuldade, a dificuldade da interpretação, que se funda este espetáculo e, com a inteligência que caracteriza as produções da companhia, o Visões Úteis aborda essa dificuldade, usando as ferramentas clássicas do teatro para ajudar a situá‑la no contexto dos dilemas sociais que o teatro nasceu para retratar."
Jorge Palinhos